O Centro de Múltiplo Uso Victor Félix Deeke, fundado em março de 2000 pelo então prefeito Jandir Bellini, atende vários idosos do bairro São Vicente, em Itajaí. As matrículas são gratuitas e basta fornecer os dados pessoais para se inscrever nas aulas.

Já que os 11 filhos trabalham muito, Albina decidiu se matricular nas aulas do Centro 20 anos atrás. Por isso, é a aluna que está há mais tempo presente. Ela borda e pinta com frequência, e criou vários amigos ao longo do tempo. Segundo Albina, todos os alunos e funcionários do Centro gostam da rotina e se querem bem.

Maria de Lourdes participa do local há 15 anos, depois que o casamento de 40 anos acabou devido ao falecimento do marido. Frutos da relação, sete filhos cresceram e sempre a apoiaram a estar com outras pessoas da mesma idade. Há seis anos, Maria reencontrou o caminho do amor: depois de anos sem contato e de seguir um caminho diferente, Seu Nadinho voltou para a vida da idosa. A paixão de infância retornou por meio de um encontro em um bingo. Tempos depois, se casou com o amado em uma cerimônia de festa junina, realizada no Centro.

No local, são dadas aulas de bordado e pintura, além de recreações como a bocha. Na atividade, as pessoas da terceira idade que mais participam são os homens. Os alunos, aliás, participam de competições e trazem medalhas e troféus para o Centro.

Segundo Iracema Mendes, as atividades de costura são criativas e as professoras dão a atenção necessária para que todos aprendam. O divórcio veio há 25 anos, mas os cuidados com os filhos continuaram os mesmos: são quatro mulheres e um homem. Está há cinco anos no Centro participando das atividades.

Paula Pinheiro, por sua vez, viveu por 25 anos com um companheiro, mas nunca oficializou a união com um casamento. Do relacionamento, veio um casal de filhos adotivos. Mesmo sem a aprovação dos dois, Paula continua a frequentar o Centro de Múltiplo Uso. Já que sofre do Mal de Parkinson, as colegas a ajudam a esquecer um pouco a tremedeira durante as aulas.

O lugar tem uma forte carga de aprendizagem e de socialização entre os idosos, já que também atua como um auxiliador para que ninguém caia na monotonia em casa. Muito além do que só as aulas, o Centro proporciona o esquecimento dos problemas que muitos possuem.

Dilce Bellotto tem duas filhas e um filho. Sua história com o Centro começou quando, anos atrás, acompanhava a mãe que tinha problemas.

Quando a senhorinha faleceu, Dilce continuou nas aulas para não entrar em depressão. A terapia veio em forma do bordado e pintura.

Um outro tipo de lazer oferecido pelos profissionais são os passeios. É comum que ao longo do ano um ônibus seja reservado para levar os alunos até o Santuário de Santa Paulina Paulina, em Nova Trento; aos salões de dança de e aos festivais de Itajaí; e até eventos em outras cidades.

De fato, Ana Lima adora os passeios que a coordenadora e as professoras sugerem, já que a companhia e a amizade entre os alunos são grandes.

É aluna do Centro há 12 anos, e desde então convida pessoas próximas para frequentar e conversar no lugar.

Gosta de fazer as artes aplicadas nas aulas (crochê, bordado e pintura). Os dois filhos incentivam Ana a continuar no Centro depois que o marido faleceu.

Matriculada há 8 meses, Vilma Terezinha é a mais nova aluna do espaço. O falecimento do marido, em 2016, foi o que a motivou a ir ao CMU para fugir da solidão.

Os sete filhos a apoiam e querem que ela continue a fazer as atividades que tanto gosta, como o bordado e o crochê.

Vilma já indicou o local para outras amigas, já que sente que o clima é propício para a felicidade prevalecer

Quando há a necessidade de pausas entre uma pincelada e outra, um café com opções são saudáveis é oferecido a todos os alunos. Mesmo sem a aula, fica evidente a felicidade que cada um tem por ser bem acolhido.

Depois do falecimento do companheiro de vida, Nilza dos Santos passou a fazer visitas ao Centro. Depois, um baque: perdeu a fala e ficou com os movimentos comprometidos no lado direito do corpo, consequências de um avc.

Ainda assim, não perdeu a vontade continuar no local e de fazer as atividades. Adora bordar e pintar, mas jogar bocha nem de longe é sua preferência. Com o tempo, Nilza tornou-se um símbolo para todos os idosos do Centro, que possuem um carinho enorme com ela.

É possível notar o sentimento e cuidado e bem-estar do local. E fica o pensamento de que os trabalhos deste Centro e o dos outros bairros, não podem parar.

O Lazer na Melhor Idade
  1. CAPÍTULO 1
  2. CAPÍTULO 2
  3. CAPÍTULO 3